sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Renascimento


O Renascimento

As mudanças ocorridas na Europa, como o desenvolvimento do comércio e das cidades e a expansão marítima; foram acompanhadas por um intenso movimento cultural.
Essas transformações faziam os europeus acreditarem  que viviam  em um novo tempo, muito diferente daquele que imperou durante toda a Idade Média. Por isso, os europeus dos séculos XIV ao XVI, acreditavam estar presenciando o verdadeiro Renascimento.

Assim, em grande parte da Europa, começaram a surgir escritores e artistas preocupados em expressar os valores daquela “nova” sociedade. Em grande parte, essas atividades culturais eram financiadas por ricos comerciantes e banqueiros.



Legenda: Na imagem, detalhes do quadro A última ceia, de Leonardo da Vinci. Na pintura  renascentista começa a surgir a perspectiva. Até então, os artistas davam pouca importância à noção de profundidade. De certa forma, o surgimento da perspectiva representa as mudanças da forma de interpretar o mundo europeu renascentista.

Idéias e práticas do Renascimento

O comércio com o Oriente permitiu que muitos comerciantes europeus, principalmente de cidades de Veneza e Florença, na península Itálica, acumulassem grandes fortunas. Enriquecidos, alguns desses comerciantes, bem como governantes e papas, passaram a financiar a produção artística de escultores, pintores, arquitetos, músicos, escritores, etc.

Essa prática ficou conhecida como mecenato. E ao mesmo tempo que impulsionava as artes e as ciências, contribuía para reafirmar a autoridade politica daquelas pessoas que financiavam e protegiam os artistas. Afinal, os que recebiam financiamento  expressavam, em grande parte, valores defendidos pelos mecena.

Entre os séculos XIV e XVI, a produção artística e literária foi tão intensa e variada que esse período recebeu a denominação de Renascimento ou Renascença.
Esse movimento teve início na península Itálica, onde se localizavam cidades de intensas atividades culturais, como Florença e Veneza.

A partir desses pólos, o movimento se alastrou por toda a Europa.

Características do Renascimento Cultural

Características do Renascimento Cultural

O Renascimento ocorreu, em maior ou menor grau, em várias regiões da Europa, várias regiões da Europa. Começou na Itália e expandiu-se para a França, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Portugal e Holanda.
Apesar das diversidades regionais, observamos características comuns e fundamentais do Renascimento, que veremos a seguir.

Retomada da cultura clássica

Denominamos de cultura clássica o conjunto de obras literárias, filosóficas históricas e de artes plásticas produzidas pelos gregos e pelos romanos na Idade Antiga. Os pensadores do Renascimento queriam , acima de tudo, conhecer, estudar e aprender os textos da cultua clássica, vistos como portadores de reflexões e conhecimentos que mereciam ser recuperados. É importante salientar que a retomada dos textos da cultura greco-romana teve como objetivo o conhecimento de outras formas de pensar, não para copiá-las, mas sim para refletir sobre elas, entro do contexto próprio da passagem da Idade Média para a Idade Moderna.
O pensamento renascentista originou-se da articulação entre os valores culturais presentes  nos textos antigos e aqueles herdados do pensamento medieval católico.

 O homem é a medida de todas as coisas

Talvez a mais marcante característica do Renascimento tenha sido a valorização do ser humano. O humanismo (ou antropocentrismo, como é chamado com freqüência) colocou a pessoa humana no centro das reflexões. Não se trata de opor o homem  a Deus e medir forças. Deus continuou soberano diante do ser humano. Tratava-se, na verdade, de valorizar as pessoas em si, encontrar nelas as qualidades e as virtudes negadas pelo pensamento católico medieval.

O ideal de universalidade

Os renascentistas acreditavam que uma pessoa poderia vir a aprender e a saber tudo o que se conhece. Seu ideal de ser humano era, portanto, aquele que conhecia todas as artes e todas as ciências. Leonardo da Vinci foi considerado, por essa razão, o modelo do homem renascentista, pois dominava várias ciências  e artes plásticas. Ele conhecia Astronomia, Mecânica, Anatomia, fazia os mais variados experimentos, projetou inúmeras máquinas e deixou um grande número de obras-primas pintadas e esculpidas. Da Vinci foi a pessoa que mais conseguiu se aproximar do ideal de universalidade.



Provável auto-retrato de Leonardo da Vinci

A valorização da razão e da natureza

O Renascimento foi marcado pelo racionalismo, que se traduziu na adoção de métodos experimentais e de observação da natureza.

Por essas preocupações e valores, os pensadores e escritores do Renascimento eram conhecidos como humanistas.
Resumo dos fundamentos do Renascimento
O Renascimento significou uma nova arte, novas mentalidades e foras de ver, pensar e representar o mundo e os humanos.

Principais características do Renascimento:
a) antropocentrismo (o homem como centro do universo): valorização do homem como ser racional e como a mais bela e perfeita obra da natureza;
b) otimismo: os renascentistas tinham uma atitude positiva diante do mundo – acreditavam no progresso e na capacidade humana e apreciavam  a beleza do mundo tentando captá-la  em suas obras de arte;
c) racionalismo: contrapondo à cultura medieval, que era baseada na autoridade divina, os renascentistas valorizavam a razão humana como base do conhecimento. O saber como fruto da  observação e da experiência  das leis que governam o mundo;
d) humanismo: os humanistas eram estudiosos, sábios e filósofos, que traduziam e estudavam os textos clássicos  greco-romamos. Os conhecimentos dos humanistas eram abrangentes e universais, versando sobre diversas áreas do saber humano. Com base nesses estudos,  fundamentou-se  à valorização do espírito humano, das capacidades, das potencialidades e das diversidades dos seres humanos;
e) hedonismo: valorização dos prazeres  sensoriais, carnais e materiais, contrapondo-se a idéia medieval de sofrimento e resignação.

Expressão cultural na Renascença

A arte da Renascença também se caracterizou pelo humanismo, naturalismo e realismo na representação de seres e por uma grande preocupação com a racionalidade, o equilíbrio, a simetria  e a objetividade, tanto na arquitetura, pintura e escultura quanto na literatura. A música passou a  explorar, cada vez mais, temas não-religiosos e a utilização da técnica  do contraponto deu maior liberdade de criação os compositores.

Sem abandonar a fé e a religião, o renascentista não se sentia submetido, mas inspirado e iluminado por elas. Ao contrário do que acontecia na Idade Média, a ciência e a filosofia tornaram-se campos diferenciados. Os estudos científicos valiam-se da indução, da observação  da experimentação, buscando explicação naturais para os fenômenos naturais  para os fenômenos naturais enquanto o penamento filosófico buscava entender a natureza e todas as possibilidades do conhecimento humano.

 

Literatura e ciência na Renascença

A literatura renascentista foi marcada pela utilização dos idiomas nacionais com linguagem clara e gramaticalmente correta. Os temas fundamentais das obras literárias são diversificados, mas podemos destacar a valorização do lirismo amoroso, do uso metafórico da mitologia greco-romana, dos grandes feitos de personalidades humanas e dos temas relacionados à política e as sátiras dos costumes sociais e do cotidiano.

Os avanços na Medicina também foram significativos: o médico espanhol Miguel de Servet descobriu a pequena circulação entre o coração e os pulmões; o francês Ambroise Paré (1517-1590) combateu o uso do fogo e do azeite quente no tratamento de feridas causadas por armas de fogo e o alemão Paracelso estudou a aplicação de certas drogas medicinais.

O Renascimento na península Itálica - artistas e suas obras

O Renascimento na península Itálica -  artistas e suas obras

O Renascimento teve início nas cidades da península Itálica, que acumulavam grandes riquezas graças ao comércio. Com o tempo, esse movimento difundiu-se por toda a Europa.

O período de maior produção renascentista na península Itálica foi de 1450 a 1550. No restante a Europa, ele ocorreu durante todo o século XVI. Na península Itálica, destacaram-se os seguintes nomes:
  • Leonardo da Vinci (1452 – 1519): pintor, arquiteto, escultor, físico, engenheiro, escritor e músico, destacou-se em todos esses ramos da arte e da ciência. É autor, entre outros quadros famosos, de Gioconda ou Mona Lisa e da Última ceia;


  • Michelangelo Buonarroti (1475 – 1564): arquiteto, escultor e pintor, ajudou a projetar a grandiosa cúpula da basílica de São Pedro, em Roma. São dele também as esculturas Pietá, Davi, Moisés, além das pinturas da Capela Sistina, situada ao lado da basílica de São Pedro;

La Pietà

  • Rafael Sanzio (1483 – 1520): autor de várias madonas (uma série de representações da Virgem com o menino Jesus) e de retratos de papas e reis;
  

  • Sandro Botticelli (1444 – 1510): também pintou um grande número de madonas, além de quadros de inspiração religiosa e pagã, como a A primavera e o Renascimento de Vênus;

Mais artistas e obras

A Primavera


Renascimento de Vênus
  • Galileu Galilei (1564 – 1642): matemático, físico e astrônomo, foi um dos primeiros estudiosos de sua época e usar o método experimental para estudar a natureza e comprovar suas teorias. Construiu a primeira luneta astronômica, por meio da qual confirmou a teoria heliocêntrica de Copérnico, que afirmava se o Sol o centro do Universo. Ameaçado de morrer na fogueira, ele viu-se obrigado a negar suas convicções;
  • Nicolau Maquiavel (1469 – 1527): filósofo político e historiador, escreveu O príncipe, um tratado sobre política e governo. O sistema político exposto nessa obra é caracterizado pelo princípio de que os fins justificam os meios.

O Renascimento fora da península Itálica - artistas e suas obras

O Renascimento fora da península Itálica - artistas e suas obras

O Renascimento expandiu-se para outros países da Europa, adotando peculiaridades locais que deram ao movimento características diferentes em cada região do continente.

Apresentamos a seguir as principais características do Renascimento  em outras regiões da Europa, além da península Itálica:
  • Países Baixos: No campo da literatura e da filosofia, destacou-se Erasmo de Roterdã ( 1466 – 1536). Cristão e moralista, foi considerado um dos mais ilustres humanistas da Renascença. Criticou violentamente a sociedade de seu tempo na obra Elogio da loucura. Na pintura merece destaque Jan Van Eyck (1390 – 1441).
Erasmo de Roterdã (retrato de Hans Holbein, o Jovem.)

  • França: Dentre os renascentistas franceses merecem destaque François de Rabelais (1494 – 1555), que em seus livros satirizou a monarquia e o cristianismo, e Michel de Montaigne (1533 – 1592), filósofo e moralista, autor de Ensaios.

François de Rabelais



  • Inglaterra: O principal representante do Renascimento foi William Shakespeare (1564 – 1616).


       



William Shakespeare

  • Espanha: Na pintura o expoente foi El Greco (1548 – 1625) Entre seus quadros mais importantes estão O enterro do conde de Orgaz e Adoração dos pastoresEl Greco era grego, mas passou sua vida na cidade de Toledo, perto de Madri. Na literatura renascentista espanhola, destaca-se Miguel de Cervantes (1547 – 1616), autor de Dom Quixote de la Mancha.

Legenda: O enterro do conde de Orgaz, uma das obras mais expressivas do pintor grego-espanhol El Greco.